DIVÓRCIO E SAÚDE MENTAL: A IMPORTÂNCIA DO APOIO EMOCIONAL E DA BUSCA POR AJUDA PROFISSIONAL
Como advogados especialistas em Direito de Família e Sucessões, temos acompanhado de perto os efeitos profundos que o divórcio pode ter na saúde mental das pessoas. Este processo não se trata apenas de uma dissolução legal, mas também de uma transição emocional que pode trazer consigo uma grande variedade de sentimentos difíceis, como tristeza, raiva, medo e até depressão. O impacto psicológico pode ser tão relevante que a busca por apoio emocional e ajuda profissional torna-se essencial para garantir que todos os envolvidos consigam atravessar este período de maneira mais saudável.
- Impacto na Saúde Mental e Uso de Antidepressivos
Um estudo publicado no The Conversation mostrou que as mulheres recorrem mais a antidepressivos após o divórcio do que os homens, o que pode sugerir um maior sofrimento emocional. No entanto, essa diferença reflete mais a predisposição das mulheres em buscar ajuda profissional para lidar com a saúde mental do que necessariamente um nível maior de tristeza. As mulheres tendem a reconhecer suas vulnerabilidades emocionais e a procurar tratamento, seja através de medicamentos ou terapia, enquanto os homens, muitas vezes devido a estigmas sociais, resistem mais a essa busca por apoio, internalizando seus sentimentos.
Essa disparidade no uso de antidepressivos não indica que os homens sofrem menos, mas sim que lidam com o sofrimento de forma diferente, o que pode levar a consequências mais graves a longo prazo, como depressão crónica ou isolamento. Portanto, o estudo ressalta a importância de quebrar esses estigmas e de encorajar tanto homens quanto mulheres a cuidar da saúde mental de forma proativa durante o divórcio, seja através de acompanhamento terapêutico ou outros meios de apoio emocional.
- O Peso do Estresse Financeiro
Além das emoções associadas ao término de uma relação, há também uma série de preocupações práticas e financeiras que surgem durante o divórcio, e que podem agravar ainda mais o estado mental dos envolvidos. Segundo um estudo destacado pelo O Globo, o estresse financeiro é um dos maiores fatores de impacto na saúde mental durante e após o divórcio, sendo comparado até ao sofrimento causado pelo luto. Para muitos, as preocupações com a divisão de bens, a necessidade de manter um novo estilo de vida com um orçamento reduzido, e a incerteza sobre o futuro financeiro podem ser esmagadoras. Este estresse pode ser tão debilitante que é considerado, em alguns casos, mais impactante na saúde mental do que o próprio término do relacionamento.
Nesse contexto, a ajuda de profissionais, tanto financeiros quanto psicológicos, é essencial. Um planeamento financeiro bem estruturado e o aconselhamento psicológico podem ajudar as pessoas a reorganizar suas vidas sem que o impacto financeiro cause danos irreparáveis à sua saúde mental.
- A Importância da Terapia para Filhos e Familiares
O divórcio não afeta apenas os cônjuges, mas também os filhos e familiares. A saúde mental das crianças é uma das maiores preocupações durante o processo. Recentemente, um artigo da Folha Vitória relatou a preocupação dos filhos de celebridades, como Hugh Jackman, o Wolverine, com a saúde mental dos pais após o divórcio. Esse caso reflete uma realidade comum: os filhos, independentemente da idade, também sofrem com a instabilidade emocional dos pais durante o divórcio, e podem sentir a necessidade de cuidar da saúde mental dos adultos, o que adiciona mais pressão e ansiedade.
É fundamental que os filhos também tenham acesso a apoio psicológico. Eles precisam de um espaço seguro para expressar suas emoções e entender que, embora o divórcio seja uma fase difícil, não é o fim de suas relações familiares, mas sim uma reconfiguração delas. O acompanhamento terapêutico pode ajudar a minimizar os impactos negativos a longo prazo e proporcionar-lhes ferramentas para lidar com as mudanças de forma saudável.
O divórcio é um processo multifacetado que exige uma abordagem em todos os âmbitos da vida da pessoa que está passando por essa situação. É essencial que, além do acompanhamento jurídico adequado, os envolvidos busquem apoio emocional e ajam proativamente na gestão de suas emoções e finanças.
E, por fim, todos os envolvidos (pais, filhos e até amigos próximos) devem ter em mente que a terapia pode ser um aliado importante para passar por essa transição de maneira mais equilibrada e saudável.
Se está a passar por um divórcio ou conhece alguém nessa situação, não hesite em procurar ajuda. A saúde mental deve ser uma prioridade tanto quanto qualquer outra questão prática durante este processo. O apoio de profissionais capacitados pode fazer toda a diferença no bem-estar emocional de todos os envolvidos.